Maria Antônia do Santíssimo, conhecida nas artes potiguares como Maria do Santíssimo, nasceu em São Vicente, na região do Seridó, interior do Rio Grande do Norte, em 21 de dezembro de 1890 e faleceu no ano de 1974. A artista é considerada a maior representante da pintura primitiva do Rio Grande do Norte, uma vez que teve maior visibilidade no estado e em todo o território nacional. Começou a pintar aos nove anos de idade, como autodidata, contudo deixou a pintura para dedicar-se as atividades do lar. Em 1962, o artista Iaponi Araújo da cidade de São Vicente, que já era integrado ao universo cultural artístico do estado e do país, descobriu o trabalho da senhora Maria do Santíssimo como uma autentica artista primitiva, que pintava de maneira genuína, ao usar palito de coqueiro como pincel, esmagado em suas extremidades e anilina sobre papel pautado. Logo, suas pinturas aguadas com temas que constituem o imaginário simbólico do sertão, a partir de sua vivência cotidiana, iriam representar e promover a pintura primitiva no Estado do Rio Grande do Norte. A pintora retratava sobretudo, o seu “terreiro sertanejo”, os animais, a flora e a fauna dessa região, que cultivava cotidianamente em seu lar, como alfinetes, cravos e roseiras, além de igrejinhas, com pouca representação da figura humana. Segundo Iaperi Araújo (2014)[1], a artista participou de diversas exposições no Brasil e no mundo, com textos importantes na crítica de arte nacional, como Flavio Aquino, Roberto Pontual, Clarival do Prado Vasconcelos e Wamyr Ayala. A artista representou o Rio Grande do Norte no projeto Arco Iris da FUNARTE, no Rio de Janeiro. O crítico Roberto Pontual integrou-a aos 50 artistas convidados para a exposição comemorativa dos 50 anos da Semana de Arte Moderna na Collectio, em São Paulo, 1972. Fez parte de uma exposição coletiva no Salão de Verão promovido pelo Jornal do Brasil no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Participou da Trienal de Pintura Primitiva de Bratislava, na Tchecoslováquia, como representante oficial do Brasil. Também se destaca uma importante exposição que ocorreu na Galeria Domus em 1966 junto com seu Neto Manxa que já se destacava no estado como escultor de entalhes de madeira, resina, fibra e concreto. Sua pintura livre de academicismo, construiu pictoricamente uma poética do sertão, numa representação simples e sincera do seu viver.
Texto gentilmente cedido por Ilka Pimenta (Mestre em História – UFRN e Produtora cultural)
[1] ARAÚJO, Iaperi. Maria do Santíssimo: uma pintura ingênua. Natal (RN): Fundação José Augusto, 98p. (Coleção Cultura Potiguar), 2014.