Marcelino de Zé Limão
Cruzeta

Marcelino de Zé Limão

Marcelino Martins de Lima, mais conhecido por Marcelino de Zé Limão, nascido em 17/07/1942, agricultor aposentado e bonequeiro, tem três filhos e um neto, mas apenas o filho mais novo, José Maria o acompanha nas apresentações. No decorrer da entrevista confessa que gostaria de transmitir o que sabe para outras pessoas, mas não sabe como fazer: “Comecei a brincar com 14 anos quando vi um brincante se apresentando aqui, chamado Pedro, já falecido, com uns bonecos de sabugo e um paninho enrolado neles, atrás da empanada. Os amigos me diziam: tem um homem na praça botando uns bonecos, vamos ver? A gente pagava a entrada e via aquelas lorotas todas”. Seu maior desejo é ministrar uma oficina de bonecos, pois como não tem ninguém da família interessado, vai despertar a vontade em gente de fora. Gosta de roupas coloridas para os bonecos e os cabelos pintados: “uma vez fiz um boneco com cabelo humano, ficou muito bom”. O ano que brincou mais foi no ano que teve um inverno fraco, ou seja, com pouca chuva: “as pessoas ficaram sem emprego, então me chamavam para representar, isso foi em 1977, também depois pararam de me convidar para brincar”. Marcelino diz que cada boneco tem sua palestra. O repertório principal do brincante é o casamento de Baltazar com Minervina de Morais, filha do Capitão João Redondo, quando os noivos vão fazer a confissão dos pecados ao Padre e diante do que a noiva confirma, o Padre fica cheio de intimidade com a Noiva, aí Baltazar começa com sua valentia com o Padre, até que finalmente, o casamento é juramentado. Ele faz a abertura, da brincadeira como a maioria dos brincantes da tradição do João Redondo, com o Capitão pedindo para acabar com a música, depois entra o discurso atrevido do neguinho Baltazar, perguntando quem mandou parar a música e assim vai formando a confusão, alternadas por música de forró. Pergunta alguns nomes de pessoas que estão na platéia, para quando as meninas (bonecas de pano) estiverem dançando ele perguntar se a pessoa estava roendo, com inveja dela dançando.

Referência: Dossiê interpretativo do processo de Registro do Teatro de Bonecos Popular do Nordeste (Mamulengo, Babau, João Redondo e Cassimiro Coco) como Patrimônio Cultural do Brasil – IPHAN – 2014